Mais que expor o assunto, a educação climática visa engajar os alunos ao tema e fazer com que eles também pensem em soluções; entenda mais sobre essa tendência em sala de aula para 2022
Nos dias de hoje, a educação climática é matéria indispensável em sala de aula, principalmente quando o assunto em pauta é a redução nos índices de aquecimento global. Recentemente, líderes governamentais se reuniram durante a Conferência Climática das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP 26) tendo como uma das metas manter o acordo de não ultrapassar o limite de aquecimento estabelecido de 1,5° C na próxima década.
Entretanto, diferente de somente falar de meio ambiente, a educação climática é crucial para ajudar os alunos a compreender os impactos da crise climática, capacitando-os com habilidades, valores e atitudes necessárias para atuarem como agentes da mudança.
Um relatório recente da Universidade de Stanford, na Califórnia (EUA) analisou como esse assunto beneficiou os alunos do jardim de infância até a saída do ensino médio, concluindo que 83% dos alunos melhoraram seu comportamento ambiental.
Assim, não é sem razão que toda a comunidade internacional reconhece a importância da educação climática. Exemplo disso são a própria COP, o Acordo de Paris (COP 21) e a agenda da Ação para Empoderamento do Clima.
Inclusive, a Unesco também tem trabalhado para fortalecer a educação climática, incentivando abordagens inovadoras e aprimorando programas de educação. O tema é uma das principais prioridades de sua estrutura global de educação para o desenvolvimento sustentável até 2030.
A seguir, confira o que é educação climática e dicas práticas de aplicação em sala de aula para 2022.
O que é Educação Climática?
A educação climática é um agente crítico para abordar a questão das mudanças climáticas. Assim, ela pode encorajar crianças e jovens a mudarem suas atitudes e comportamento. Também os ajuda a tomar decisões informadas.
De acordo com o coordenador nacional do Movimento Escolas pelo Clima, Douglas Giglioti, é importante que todos os estudantes tenham as competências necessárias para o enfrentamento das crises climáticas. “Fazemos parte da maior comunidade de escolas comprometidas com a pauta climática do Brasil”, explica.
Este movimento conecta educadores, disponibilizando curadoria em conteúdo de educação climática e oferecendo visibilidade para escolas comprometidas com a temática. Para fazer parte, a escola deve tornar-se signatária do movimento, gratuitamente, através do site.
Na sala de aula, os alunos podem aprender o impacto do aquecimento global e entender como se adaptar às mudanças climáticas. A educação climática capacita todas as pessoas, mas principalmente motiva os jovens a agir.
Temas para seu conteúdo climático
Especialistas apontam para a importância de começar a usar conceitos que até então eram restritos ao meio científico. Estamos falando, por exemplo, sobre:
- Aquecimento global;
- Gases de efeito estufa;
- Energia renovável;
- Pegada de carbono;
- Desmatamento;
- Reciclagem;
- Empregos verdes;
- Impostos verdes;
- Pegada hídrica;
- Alimentos sustentáveis.
Assim como a familiarização e uso do vocabulário, os especialistas estão enfatizando cada vez mais a importância de educar as crianças em questões ambientais e desenvolver uma cultura de cuidado com o clima.
Como promover a educação climática?
Para promover a educação para as mudanças climáticas, é crucial fortalecer as capacidades de professores e educadores em fornecer informações precisas, integrar conteúdo local, promover pensamento crítico e agir sobre mitigação e adaptação às mudanças climáticas.
Isso inclui aumentar sua compreensão do clima e questões de sustentabilidade, bem como ajudá-los a desenvolver as habilidades necessárias e fornecer-lhes orientações pedagógicas.
Algumas organizações trabalham com a questão da educação climática ao redor do mundo já há algum tempo. Confira alguns exemplos:
Fontes para seu planejamento sobre educação climática
- A Unicef, por exemplo, incentiva a reflexão das crianças no mundo todo sobre o que significa ser uma criança crescendo na era das rápidas mudanças climáticas.
- Já a Unesco, por meio do seu programa de educação sobre mudança climática para o desenvolvimento sustentável, visa aumentar a “alfabetização climática” entre os jovens. Um dos exemplos é a pesquisa pública intitulada “O Mundo em 2030“
- A Organização Meteorológica Mundial também produziu uma série de vídeos chamados “Verão nas cidades”, que fornecem uma visão geral dos efeitos futuros do aquecimento global sobre o clima em cidades ao redor do mundo. Os vídeos estão no canal da OMM no Youtube, e são em inglês.
- Existem também muitos recursos tecnológicos, como a plataforma Educaclima, que oferece aos professores recursos educacionais gratuitos relacionados ao meio ambiente – mudanças climáticas, consumo responsável, energia e mobilidade etc. – que podem ser colocados em prática com as crianças em sala de aula.
Além disso, professores e educadores precisam de materiais dedicados para apoiar suas atividades de aprendizagem sobre as mudanças climáticas. Exemplos de materiais relevantes incluem manuais, guias de recursos para professores, aulas modelos e módulos de treinamento, mas também livros, desenhos animados e vídeos para orientar, inspirar e capacitar alunos.
4 ideias de cuidado com o planeta envolvendo educação
1. Tornar o alcance da educação universal uma prioridade urgente em todo o mundo
Primeiro, é preciso considerar a alta taxa de crescimento populacional. Ela não só causa superexploração de recursos naturais, entre outras coisas, mas também é uma das principais causas das mudanças climáticas.
Neste sentido, um segundo e importante ponto é a urgência em aumentar o nível educacional das mulheres (um dos objetivos de desenvolvimento sustentável da ONU). Esta ação permitiria que a taxa populacional fosse reduzida e chegasse a 8,5 bilhões em 2050, em vez dos 9,1 bilhões previstos atualmente.
Além disso, a educação ajuda as pessoas a se adaptarem às mudanças climáticas, pois melhora sua capacidade de assimilar informações, calcular riscos, se preparar para crises climáticas e se recuperar de seus efeitos.
2. Fortalecer a educação em ciência, tecnologia, engenharia e matemática (STEM)
Neste ponto, envolvemos também assuntos em torno da economia. O ensino nas disciplinas exatas permitirá que os jovens entendam melhor as mudanças físicas em seu ambiente e lhes fornecerá as ferramentas para combater as mudanças climáticas.
Logo, um sistema de ensino nessas matérias também formará e qualificará especialistas para os empregos verdes que serão criados em uma economia verde.
3. Apoiar a oferta de educação ambiental nas escolas
Seja como disciplina autônoma ou como tema transversal ao currículo escolar, é fundamental o cultivo de valores e conhecimentos ambientais entre os jovens para que possam ter uma vida mais sustentável. Entretanto, para estimular sua curiosidade sobre o mundo natural e sua preocupação com a vida no planeta, programas de ensino adequados devem ser promovidos.
4. Construir escolas que reflitam os princípios ambientais
As instalações devem dar o exemplo e usar a energia de forma eficiente, por exemplo, usando energia de fontes renováveis. Devem também promover o uso eficiente da água e oferecer oportunidades de interação com o meio ambiente.
Reflexão necessária
O sucesso desse tipo de iniciativa depende em grande parte dos esforços de alfabetização ambiental entre as populações que muitas vezes não conhecem esses importantes acordos políticos e do desenvolvimento de uma cultura de cuidado com o clima.
Mas o que exatamente queremos dizer com a alfabetização ambiental? Educar os cidadãos, especialmente as crianças, e conscientizá-los sobre as causas e consequências das mudanças climáticas.
Na verdade, a ONU, como parte de seu compromisso com a educação sobre as mudanças climáticas, afirma que “é tão importante fazer progressos em áreas como a redução das emissões de gases de efeito estufa e formular políticas governamentais eficazes quanto fornecer educação e treinamento para aumentar conscientização em um público tão amplo quanto possível”.
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